Aparência não define o caráter (Y)

Que dia de merda. Acordei todo feliz pra ir pra escola, ver que classe eu caí, comprar uniforme e tudo mais. Arrumei o cabelo, peguei a bolsa, e saí.

Cheguei à escola e a tenente vice diretora já encaminhou eu e a minha mãe pra sala dela, tenso. Mal entramos e ela já foi dizendo:

- Meu filho, não sei se você já deu uma olhada nos meninos dessa escola, todos tem cabelo de “gente”. Se quiser voltar aqui amanhã, vá ao barbeiro hoje mesmo arrumar isso aí. Entendeu? Entendeu mãe? Não ache que na sua outra escola particular as pessoas gostavam de você e do seu cabelo, elas apenas queriam o dinheiro da sua mensalidade. E se você quiser continuar com esse seu cabelo, não tem problema, eu cancelo sua matricula e você procura outra escola. Entendeu? Entendeu mãe? Aqui nós criamos gente apta pra trabalhar, e ninguém consegue emprego com o cabelo assim. Entedeu? Entendeu mãe? Ou cabelo, ou escola. Amanhã você volta pra escola com o cabelo correto. Entendeu? Entendeu mãe?

Pois é, tudo isso berrando falando bem baixinho e discretamente, e hoje é só o primeiro dia de aula. Eu fiquei puto da vida chateado, puro preconceito. Se um dia eu tiver um comércio ou uma empresa, eu vou fazer questão de contratar cabeludos. E quando acabar a escola eu vou deixar meu cabelo crescer até na bunda, aí arrumo um emprego e quero ver a *Dona Zica implicar comigo.

Resultado, fui cortar o cabelo. Ficou ridículo, odeio cabelo curto, odeio a escola, odeio o mundo, e odeio você que está lendo isso agora.          

OBS: (Os nomes foram trocados, pra eu não me fuder evitar possíveis constrangimentos futuros)

Meus amigos da escola durante o intervalo :)