Depois de cumprir alguns compromissos durante a tarde, cheguei em casa, vesti meu pijama, fechei a porta e a janela, quarto quase escuro. A única luz vinha das bolinhas verdes penduradas em volta do meu quadro do Friends, o único som vinha da chuva lá de fora. Passei cerca de uma hora deitado à toa na cama... Pensamentos que estavam guardados na minha cabeça começaram a querer sair e quando menos percebi estava rodeado dos meus grandes medos.
Parece que eu cheguei num pedaço da minha vida onde não há tempo para ensaiar mais nada. É quase fim do colegial, quase dezoito anos completos, vestibulares acontecendo, pressão por encontrar um emprego, entre outras coisas que estão na hora de serem encaradas. Meu tempo de dúvidas e tentativas está sendo roubado a cada dia que passa.
Boa parte do tempo que vivi até agora foi frequentando a escola, sendo treinado e preparado para enfrentar a vida e suas dificuldades, o que em grande parte só é verdade na teoria, claro. Porque a enxurrada de informações que recebemos é para que possamos ao final do ciclo médio, saber responder ao maior número de questões dos testes que determinarão grande parte do nosso futuro. Gostaria que me ensinassem algo mais valioso que fórmulas e mais fórmulas, algo que eu carregasse comigo por anos e não até conseguir ser aprovado em um vestibular. Talvez até quisessem me ensinar, mas eu não devia estar maduro o suficiente para compreender, eu não sei, realmente não sei. Só que agora isso não importa mais, a questão é que o tempo passou e bem ou mal, com tranquilidade ou aos trancos e barrancos, superei todas as situações inusitadas e os problemas que foram surgindo e cheguei até aqui. Errei em vários momentos, com várias pessoas e até comigo. Mas foi daí que conheci minhas falhas e pude buscar melhorá-las, agreguei valores e convicções que se renovam quando necessário e se fortalecem quando requisitados. E novamente digo, eu cheguei até aqui.
E agora, pra onde vou? Eu tenho mais incertezas do que certezas dentro de mim, mais medo do que coragem, mais sonhos do que perspectivas de realizá-los. Por que e por quem sou obrigado a entrar de cabeça no que as pessoas costumam chamar de “vida” só por logo estar atingindo a maioridade? Se isso é um dever, eu não quero fugir, mas gostaria de cumpri-lo quando me sentir preparado e bem disposto a isso. Vamos ver até onde valerá à pena.
Por enquanto, vou aproveitando meus últimos suspiros desse ano que está quase no fim.